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Trabalho e gênero em Tecnologia da Informação: iniciativas de estímulo à inserção e ascensão das mulheres

Coordenação:Maria Rosa Lombardi (DPE/FCC)

Equipe:
Assistente: Renata Adriana de Sousa
Pesquisadora consultora: Haydée Svab

Financiamento:FCC

Vigência:2020-2022

Descrição:A pesquisa investigou a atual configuração da presença feminina nas TIC no Brasil, levando em conta dois pontos de vista: a evolução recente da participação das mulheres no mercado de trabalho e a identificação de iniciativas, grupos ou coletivos femininos dedicados à divulgação das TIC para mulheres e meninas e a incentivá-las a estudar e trabalhar nessa área. As TIC continuam sendo um reduto de trabalho masculino, em que menos de ¼ dos empregos formais nas ocupações típicas foi preenchido por mulheres em 2020. Um número não desprezível de mulheres, entretanto, vem construindo suas carreiras em ocupações mais qualificadas, como programação e análise de sistemas, movimento que vem ocorrendo desde os anos 1990. A maior expansão dos empregos para mulheres em anos recentes, contudo, foi registrada entre as técnicas em programação: elas eram 13% em 2015 e 27% em 2020. Pode-se levantar a hipótese de que cada vez mais as meninas e as mulheres se interessam pela programação, também em função do estímulo das oportunidades oferecidas pelos grupos ou coletivos femininos preocupados em reverter a hegemonia masculina nas TIC, promovendo a equidade de gênero. Os grupos estudados são de pequeno porte, compostos majoritariamente por mulheres jovens que, na maior parte deles, trabalham voluntariamente para que mulheres e meninas conheçam, estudem e trabalhem nas TIC. Eles também pretendem contribuir para aumentar a diversidade de gênero nos ambientes de estudo e de trabalho das TIC – aí inclusas mulheres transgêneros –, para aumentar a representatividade de negros e negras e de populações em situação de vulnerabilidade social e/ou econômica na área, para “empoderar mulheres através da tecnologia”, para desafiar “os estereótipos de gênero e de raça nas áreas de ciências, tecnologia e programação”, para trabalhar em prol da segurança digital das mulheres. Eles primam pela criatividade na constituição dos modelos de negócios, os quais lhes permitem, em geral, oferecer atividades gratuitas aos seus públicos-alvo. Se não se pode aquilatar o impacto da agência e do protagonismo das mulheres que integram os grupos pesquisados no mercado de trabalho formal das TIC, pode-se afirmar que, sem sombra de dúvida, esses grupos desempenham a importante função de acolher as mulheres e conscientizá-las sobre as desigualdades de gênero e raça que perpassam nossa sociedade, e ao mesmo tempo de abrir-lhes possibilidades de estudo através dos cursos e capacitações oferecidos, dar-lhes chances de colocação no mercado de trabalho e promover inflexões virtuosas nas suas trajetórias de vida. Nesse sentido os grupos se constituem em espaços de resistência feminina, desenvolvendo uma ação coletiva que é política, pois a conscientização e o debate coletivo são os primeiros e mais importantes passos para revogar o patriarcalismo e transformar a vida das mulheres. Em áreas masculinas como as TIC e a computação, esse agir coletivo dos grupos estudados faz toda a diferença, apesar de muitas vezes se manter invisível. Suas ações se inscrevem no âmbito das mudanças culturais que se processam lentamente, e podem contribuir para uma maior feminização da área no futuro. Os resultados do estudo podem ser conhecidos na publicação Relações de gênero nas tecnologias da informação e comunicação (TIC): mercado de trabalho e protagonismo feminino (Textos FCC, v. 61, 2022).