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Os porquês de dialogar sobre gênero e sexualidade nas escolas: passos em direção à inclusão e ao respeito à diversidade

 

Composição de fundo em degradê de roxo, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho, semelhante a um arco-íris, em textura granulada. Linhas perpendiculares nas laterais. Sobre o fundo, o texto: “Os porquês de dialogar sobre gênero e sexualidade nas escolas: passos em direção à inclusão e ao respeito à diversidade”. O logo da Fundação Carlos Chagas e seus perfis nas redes sociais são indicados em uma barra inferior na cor branca.

|28/06/24

Em comemoração ao Mês Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, pesquisadoras contribuem para o debate sobre a promoção da diversidade nas escolas 

Por Jade Castilho

“Pedindo a todos que abram a cabeça e o coração para conhecer o que está além das fronteiras do aceitável, para pensar e repensar, para criar novas visões, celebro um ensino que permita as transgressões – um movimento com fronteiras e para além delas”. bell hooks, educadora negra feminista e bissexual, convida ao diálogo e ao debate sobre a educação como prática de liberdade em seu livro Ensinando a transgredir.  

Com o artigo 205 da Constituição de 1988, a educação foi estabelecida como um direito e dever do Estado e da família, promovida e incentivada com a colaboração da sociedade para o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 assegura a educação como direito que transcende o sistema de ensino e abrange processo formativos que se desenvolvem para além da escola, como na vida familiar, na convivência humana nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais, organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. 

Mas por que abordar gênero e sexualidade nas escolas? Thais Gava, pesquisadora do Departamento de Pesquisas Educacionais (DPE) da Fundação Carlos Chagas, apresenta o cenário de múltiplos desafios para essa abordagem em sala de aula. 

“Os  dados do SAEB (2021) mostram que somente 25% das escolas falam sobre gênero ou têm ações contra machismo e LGBTfobia. Trata-se de um cenário em que essas temáticas são tratadas pelas brechas, a partir da ação direta de professoras”, relata.

Membra do grupo Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos, Thais se dedica aos estudos de gênero, enquanto categoria política e histórica, e suas interlocuções com a educação. 

“Todos somos diferentes e essa questão se torna um problema quando essas características geram desigualdades e violências. Quando a gente fala de direito à educação é para todo mundo mesmo. Trata-se do direito a  ter conhecimento, de participar do conhecimento, de ter posicionamento crítico, não só de acessar, mas de permanecer e participar da escola”, pontua a pesquisadora. 

Sexualidade em pauta

O dia 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, marca uma série de lutas, desde a Revolta de Stonewall, em Nova Iorque, no ano de 1969. A luta pela igualdade de direitos e reconhecimento da diversidade ganhou uma data especial e vem sendo pautada com mais frequência pela mídia, agendas culturais, organizações e em pesquisas acadêmicas. 

Liliane Bordignon, membra do DPE da FCC, situando seu ponto de vista, se apresenta enquanto uma mulher lésbica em sua atuação como docente e pesquisadora nas áreas de educação, trabalho e gênero, formação profissional e trabalho docente.

“Quando você faz questão de se posicionar, você cria referência, identidade e empatia. Nós somos um corpo político. Mesmo sem saber, ao se posicionar, você pode estar contribuindo com alguém que está na escola, no grupo de pesquisa, que pode se identificar, se aproximar, normalizar esse lugar”, afirma a pesquisadora. 

Promover valores de respeito às diversas expressões de sexualidade, identidades de gênero e aos direitos humanos pode tornar a escola um ambiente de inclusão social, que valoriza, e não discrimina, o diverso, o considerado “diferente”. 

“A gente porta a sexualidade, ela está no nosso cotidiano, na escola, no trabalho, em todos os espaços. Então, é importante que o ambiente da escola esteja preparado para respeitar, abordar e dialogar sobre essas multiplicidades, se tornando um espaço seguro”, complementa Liliane. 

Orgulho e inclusão para além da sala de aula 

O que é estar incluído? Ou se sentir parte de algo? A escola, um dos primeiros passos na formação de um sujeito, se torna um espaço de convivência e diálogo. O conceito de inclusão, aplicado à educação, se apresenta como o desenvolvimento de culturas e políticas que possam valorizar e promover a participação de cada estudante, além de balizar o cumprimento de um direito fundamental a cada cidadão e cidadã. 

Leone Batista é educadore, atuou como bolsista de pesquisa na FCC e, atualmente, é doutorande em Ciências Humanas e Sociais na Universidade Federal do ABC. Com experiências em sala de aula, na produção de materiais didáticos e no estudo da inclusão e do desenho universal da aprendizagem, Leo, além da pesquisa, une seu trabalho como ativista pela causa LGBTQIAPN+ e pela inclusão à sua prática profissional. 

“Para produzir um espaço de sala de aula ou um material para estudo é fundamental compreender todas as pessoas que estão participando dela de forma singular. Tento atuar no chão, eu acredito que eu tenho que estar no chão, tenho que estar em um espaço que eu possa ajudar e contribuir”, comenta. 

A Lei Brasileira de Inclusão (LBI), nº 13.146/2015, tem como objetivo assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social. No dia a dia em sala de aula, e também fora dela, os desafios para a promoção da inclusão e diversidade vão além do trabalho do educador e da participação do estudante, mas também na garantia e efetividade das políticas públicas educacionais criadas. 

Leo, posicionade como um pesquisadore não binárie, já atuou como educadora de matemática na Casa de Acolhimento Neon Cunha, em São Bernardo do Campo. Para a organização das aulas, Leo pensava em como condensar o conteúdo ao máximo e mostrar como os conceitos matemáticos poderiam ser aplicados no cotidiano de estudantes do local, pessoas em situação de vulnerabilidade social e vítimas, muitas vezes, da exclusão social motivada pela LGBTfobia.

“Quando a gente reflete em como a gente estuda, como que eu posso trazer um conteúdo, a gente pensa em uma vivência que pode atuar na formação dessas pessoas em situação de vulnerabilidade. É uma educação diferenciada quando a gente trabalha com essas pessoas. E é muito gratificante entender, não julgar e se posicionar também, porque a gente faz parte disso”, complementa. 

Confira dicas de leitura, documentários e pesquisas sobre diversidade e inclusão!

Saiba mais

E-book Matemática para todes
Dez ideias (mal) feitas sobre a Educação Inclusiva

Documentário Limiar de Coraci Ruiz

Livro Kit Gay

Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade

Série Segunda Chamada 

Manual de Educação LGBTI+ 

Educar para a diversidade

Guia para educadores – Educando para a diversidade 

Gênero em pauta