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Tese aborda práticas pedagógicas na educação de surdos e recebe menção honrosa em Educação no Prêmio Capes de Tese

Pesquisa buscou compreender diretrizes propostas no Congresso de Milão e no Congresso de Paris aplicadas à educação de surdos no Espírito Santo

10/05/24 | Por Jade Castilho, assessoria de comunicação da Fundação Carlos Chagas, comunicacao@fcc.org.br

Composição de fundo verde e cinza-azulado, com o texto Prêmio Capes de Tese 2023 ao lado do desenho de um cérebro composto por formas triangulares. Sobre o fundo, há a frase: “Práticas pedagógicas na educação de surdos: circuitos de transnacionalização entre documentos-monumentos, regularidades discursivas e contracondutas em questão. Eliane Telles de Bruim Vieira - Menção honrosa em Educação”. O logo da Fundação Carlos Chagas aparece em uma barra inferior na cor branca.

Pensar a educação de surdos para além da oralidade foi a proposta de Eliane Bruim, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em sua pesquisa de doutorado, a qual recebeu uma menção honrosa em Educação pelo Prêmio Capes de Tese 2023

O objetivo da tese foi compreender as implicações e orientações geradas pelas práticas pedagógicas na instrução do surdo propostas em eventos históricos marcantes para o cenário, como o Congresso de Milão (1880), o Congresso de Paris (1900) e seus reflexos na educação de surdos no Espírito Santo. 

No Congresso de Milão (1880) e no Congresso de Paris (1900 – seção dos ouvintes) foi deliberado e aclamado que o método oral puro deveria ser o único a ser utilizado para instruir as pessoas surdas. Outro fato histórico da educação de surdos foi a criação da primeira escola para surdos em 1755, o Instituto Nacional dos Surdos-Mudos de Paris, na França. No Brasil, a primeira escola dedicada a esse público foi criada por D. Pedro II, no Rio de Janeiro: o Instituto de Surdos-Mudos, atualmente chamado Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).

Análise documental 

Para a escrita da sua tese, Eliane dialogou com participantes do seu grupo de pesquisa na UFES e com sua orientadora, a professora Lucyenne Vieira-Machado, sobre o estudo e o levantamento de documentos históricos relacionados à História da Educação de surdos. 

Entre os participantes deste grupo, um colega pesquisador já tinha acesso a registros sobre os Congressos de Milão (1880), Paris (1900) e outros eventos. E com alguns registros doados pela família da professora Álpia Couto sobre a história da educação de surdos nas décadas de 1960 e 1970 no Espírito Santo, a pesquisadora reuniu os materiais para a análise documental. 

“Nesses eventos aprovaram o método oral puro como o melhor a ser utilizado nas instituições dedicadas à educação de surdos, e encontramos manifestações de professores surdos que defendiam que eles deveriam ser ouvidos em relação às questões destinadas a sua educação”, afirma Eliane. 

Em relação ao contexto capixaba, a pesquisadora reforça como os eventos e documentos históricos ainda se refletem na atualidade. “A educação dos surdos capixabas recebeu uma herança das práticas oralistas (e medicalizantes) que entendiam que era possível ao surdo falar, ser oralizado. Mas podemos dizer que os surdos sinalizantes capixabas estão lutando. Estamos conseguindo uma escolarização que reconheça a Libras e sua importância para as crianças e estudantes surdos”, comenta. 

Além da oralidade

A proposta na tese de Eliane foi de sair da dicotomia do oralismo e da língua de sinais. Para a pesquisadora, o principal erro encontrado na educação de surdos é a ideia de que é possível oralizar todos eles e generalizar sua aprendizagem. 

“Generalizar apenas uma única forma de escolarizar esse sujeito ou que também há um único jeito de ser surdo em uma sociedade em que podemos encontrar surdos de nascença, surdos que nasceram ouvintes e ficaram surdos (devido a uma doença, por exemplo), surdos implantados, surdos cegos. Há uma infinidade de jeitos de ser surdo que exige uma forma específica de ser escolarizado. E essa questão precisa ser pensada, analisada por todos os envolvidos na educação e alfabetização de surdos”, aponta a autora da pesquisa. 

A falta de entendimento sobre o que é ser surdo e de um diálogo em torno da história de ensino e aprendizagem dessas pessoas possibilita que erros do passado ainda tenham continuidade no presente. 

“Entendo que poderíamos pensar numa prática pedagógica que possibilitasse valorizar o jeito de ser surdo. Primeiramente conhecer este sujeito, quais são suas aquisições linguísticas, seu conhecimento de mundo. Uma prática que possibilitasse que a pessoa fosse alfabetizada e pudesse competir com um não surdo de igual para igual. Essa forma de pensar, e colocar essa proposta pedagógica em prática, ainda é uma utopia, mas não podemos desistir. Nossas pesquisas estão aí para serem lidas e refletidas, dialogadas entre os professores dedicados à educação de surdos”, completa. 

Saiba mais
Prêmio CAPES de Tese
Instituído em 2005, o Prêmio Capes de Teses é concedido anualmente às melhores teses de doutorado defendidas e aprovadas nos cursos de pós-graduação reconhecidos pelo MEC, selecionadas em cada uma das áreas do conhecimento da Capes, considerando os quesitos originalidade e qualidade. Informações e inscrições no site da Capes.

Práticas pedagógicas na educação de surdos: circuitos de transnacionalização entre documentos-monumentos, regularidades discursivas e contracondutas em questão
Autora da tese: Eliane Telles de Bruim Vieira
Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Programa de Pós-Graduação em Educação.
Orientadora: Lucyenne Matos da Costa Vieira Machado

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