Inclusão escolar: a pandemia evidencia os antigos desafios da educação especial
A pesquisa conta com a participação de professores e convida a refletir sobre a urgência das redes de ensino pautarem a inclusão escolar.
Data original de publicação:06/03/2023
No artigo Educação especial na pandemia: estratégias e desafios no ensino fundamental, as autoras e o autor nos apresentam os resultados da pesquisa Inclusão escolar em tempos de pandemia, realizada pela Fundação Carlos Chagas (FCC) em parceria com a Universidade Federal do ABC (UFABC), a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e a Universidade de São Paulo (USP).
No artigo, Adriana Pagaime (FCC), Kate Kumada (UFABC), Silvana Drago e Rosângela Prieto (USP) e Douglas Ferrari (UFES) analisam os resultados que partem da percepção de 1594 docentes que atuavam com estudantes público-alvo da educação especial (PAEE) – estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação – das redes públicas de educação básica, tanto nas classes comuns como no atendimento educacional especializado (AEE), sobre as estratégias propostas e os desafios enfrentados durante os primeiros meses de suspensão de aulas presenciais.
O estudo nos apresenta um breve panorama da implantação do ensino remoto no país, bem como os riscos de exclusão desse grupo de aprendizes e a atual carência de publicações que discutam ações escolares junto a esse público durante o período pandêmico.
Os resultados indicam que 94,9% das redes de ensino implementaram alguma forma de ensino remoto nos primeiros meses da suspensão das aulas presenciais. No entanto, mesmo com a adoção de tecnologias digitais nos espaços escolares, o uso do material impresso foi o principal recurso apontado pelos educadores. Isso pode ser atribuído à falta de acesso do público atendido a tecnologias digitais, pois grande parte dos estudantes não tinha computadores ou conexão com a internet.
A dificuldade no contato das professoras/es com as famílias e a ausência de condições dos pais em auxiliar nas tarefas dos estudantes também foram citadas pelos participantes.
Embora a pesquisa revele um esforço de docentes da classe comum em pensar propostas acessíveis para o estudante PAEE e destaque o trabalho colaborativo entre professoras da classe comum e do AEE – o que demonstra avanços na perspectiva inclusiva da educação –, os resultados evidenciam a falta de estrutura, de recursos e de apoio aos professores, além de barreiras relacionadas a atitudes e discursos capacitistas que são históricos na educação especial e não são exclusivos do período pandêmico, mas que escancaram a fragilidade da escolarização desse alunado.
O texto nos convida a refletir sobre a urgente necessidade de as redes de ensino pautarem a escolarização desse público no âmbito formativo de docentes, gestores e educadores, bem como nas diversas esferas das políticas públicas, para assegurar uma educação de fato inclusiva.
Referência
Pagaime, A., Kumada, K. M. O., Drago, S. L. dos S., Prieto , R. G., Melo, D. C. F. de, & Artes , A. (2022).Educação especial na pandemia: Estratégias e desafios no ensino fundamental. Cadernos de Pesquisa, 52, e09665. https://doi.org/10.1590/198053149665
Leia o artigo em
Cadernos de Pesquisa
https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/9665
Saiba mais
Saiba mais sobre a pesquisadora Camila Ramos Franco de Souza
http://lattes.cnpq.br/5843518289905821
Os argumentos presentes nestepost são de responsabilidade dos autores e não necessariamente expressam as opiniões da Fundação Carlos Chagas.