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Saeb se baseia em visão mais restrita do letramento matemático no 2º ano do ensino fundamental

A divulgação dos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) pela grande mídia não dá atenção aos aspectos técnicos dessa avaliação. Compreender a construção dos testes cognitivos e a correta interpretação dos seus resultados é crucial para a tomada de decisões acerca do letramento matemático

Autor- Stella Maris Lemos Nunes. Professora da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Diamantina, Minas Gerais, Brasil. stella.nunes@ufvjm.edu.br Maria Teresa Gonzaga Alves. Professora da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. mtga@ufmg.br,Em Pauta -03/10/2024 15:08:50

Data de publicação original:22/06/2023

O alinhamento entre os vários componentes das avaliações em larga escala é uma das questões de validade que mais preocupam os gestores educacionais, de modo que as avaliações sejam informações úteis para orientar as intervenções pedagógicas. Em um momento importante de reestruturação do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o artigo Letramento em matemática dos alunos brasileiros do 2º ano do ensino fundamentalanalisa o modo como o Saeb, edição 2019, avaliou o letramento em matemática a partir da adoção da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e contribui para uma reflexão sobre o alinhamento entre a matriz de referência e a escala de proficiência do sistema – ou seja, entre os instrumentos que baseiam a construção dos testes e a escala que agrupa os estudantes de acordo com os resultados obtidos. 

De autoria das professoras Stella Maris Lemos Nunes, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), e Maria Teresa Gonzaga Alves, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o trabalho apresenta uma síntese sobre o conceito de letramento em matemática e o seu uso nas avaliações em larga escala, descreve o desenho metodológico do Saeb 2º ano do ensino fundamental e compara as habilidades da sua matriz de referência de matemática com as descrições de cada nível da escala de proficiência. Além disso, analisa os níveis de letramento em matemática dos alunos brasileiros e discute lacunas no teste quanto à avaliação de algumas habilidades da matriz de referência. 

A pesquisa aponta que a versão preliminar da matriz de referência do Saeb apresenta uma visão mais restrita do letramento matemático ao simplificar as competências gerais e específicas previstas na BNCC. Essa visão mais empobrecida também se percebe na comparação com avaliações educacionais internacionais (Pisa e TIMSS). Faltam itens para avaliar de forma mais completa os eixos de conhecimento e os eixos cognitivos do letramento matemático. A inexistência de uma interpretação normativa da escala de proficiência do Saeb é outro ponto crítico discutido no artigo. 

Nas avaliações educacionais é fundamental estabelecer parâmetros para interpretar os resultados. Isso está, inclusive, previsto no Plano Nacional de Educação. É necessário, portanto, colocar essa tarefa como uma prioridade entre os avaliadores educacionais, para que avaliações tenham mais relevância pedagógica nos sistemas de ensino e nas escolas.

Referências

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). (2019). Sistema de Avaliação da Educação Básica – Documentos de referência (versão preliminar). Inep. 
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). (2020). Relatório do 3º ciclo de monitoramento das metas do Plano Nacional de Educação – 2020. Inep. 
Ministério da Educação. (2018).Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação.

Leia o artigo em:

https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/9044 

Os argumentos presentes nestepost são de responsabilidade dos autores e não necessariamente expressam as opiniões da Fundação Carlos Chagas.

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