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Determinantes de gênero na indisciplina na sala de aula

Determinantes de gênero na indisciplina na sala de aula

Autor- Cláudio Marques da Silva Neto, diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Infante Dom Henrique e pesquisador do Grupo de Estudos de Gênero, Educação e Cultura Sexual (EdGES) da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE/USP), São Paulo (SP), Brasil, claudioneto@alumni.usp.br Marília Pinto de Carvalho, professora livre-docente do Programa de Pós-Graduação em Educação e co-coordenadora do EdGES, da FE/USP, São Paulo (SP), Brasil, mariliapintodecarvalho@gmail.com,Em Pauta -03/10/2024 13:28:04

20/12/2022

O artigoIndisciplina na sala de aula e suas nuances de gênero resulta de uma pesquisa etnográfica que analisa as interfaces de gênero na indisciplina de alunos de 6º e 7º ano do ensino fundamental. Constatou-se que, embora os comportamentos disruptivos sejam protagonizados mais frequentemente e com mais veemência pelos meninos, as meninas também transgridem as regras do jogo pedagógico; mas, ao contrário deles, elas não desafiam a autoridade docente. Os resultados indicam que as noções dos docentes orientam as suas expectativas quanto às condutas de meninos e meninas, levando-os a sustentar divisões binárias de gênero (Scott, 1995) quando lidam com a indisciplina na sala de aula. Além desse aspecto, constatou-se também uma forte associação da indisciplina com a repetência e a origem social dos estudantes, visto que nove dos dez estudantes mais indisciplinados repetiram de ano e também eram os mais pobres. A pesquisa foi realizada durante o doutorado, na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, por Cláudio Marques da Silva Neto e sob a orientação de Marília Pinto de Carvalho. A motivação para estudar mais detidamente a influência do gênero na produção da indisciplina deveu-se à constatação, recorrente nas pesquisas, do protagonismo quase absoluto dos meninos nos eventos disruptivos na sala de aula e a escassez de trabalhos que buscam analisar mais especificamente essa associação. Os resultados demonstram que a indisciplina escolar é um fenômeno complexo, decorrente de múltiplos fatores, cujas formas e intensidades variam. A maior participação dos estudantes do sexo masculino nos atos de indisciplina mais perturbadores da ordem escolar é o dado mais perceptível e isso tem levado os docentes a simplificações que dificultam a compreensão do problema, uma vez que tendem a justificar o maior protagonismo dos meninos com base em argumentos que reforçam estereótipos de gênero. Constatou-se, ainda, a necessidade de incluir a temática da indisciplina na pauta de formação docente. A despeito de a indisciplina ser considerada um problema de grande dimensão na escola, a mudança de profissão não era uma aspiração entre os professores, mesmo entre os iniciantes na profissão, o que contrasta com pesquisas de Favatto e Both (2019) e Tartuce et al. (2010). É relevante também a indicação de que a indisciplina, a dificuldade de aprendizagem e a repetência escolar estão fortemente associadas, questão que deve ser considerada em pesquisa futura.

Referências

Favatto, N. C., & Both, J. (2019). Motivos para abandono e permanência na carreira docente em educação física.Revista Brasileira de Ciências do Esporte,41(2), 127-134.https://doi.org/10.1016/j.rbce.2018.05.004Scott, J. W. (1995). Gênero: Uma categoria útil de análise histórica.Educação & Realidade,20(2), 71-100. Silva Neto, C. M. da. (2019).Relações de gênero e indisciplina escolar: Masculinidades em jogo [Tese de Doutorado em Educação, Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo]. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo.https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-09122019-164601/publico/CLAUDIO_MARQUES_DA_SILVA_NETO_rev.pdfSilva Neto, C. M. da S., & Carvalho, M. P. de. (2022). Indisciplina na sala de aula e suas nuances de gênero.Cadernos de Pesquisa,52, e09546.https://doi.org/10.1590/198053149546Tartuce, G. L. B. P., Nunes, M. M. R., & Almeida, P. C. A. de. (2010). Alunos do ensino médio e atratividade da carreira docente no Brasil.Cadernos de Pesquisa,40(140), 445-477.https://doi.org/10.1590/S0100-15742010000200008

Leia o artigo em

Cadernos de Pesquisa -https://doi.org/10.1590/198053149546Plataforma Educ@: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742022000100411&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Saiba mais

Acesse o Currículo Lattes do pesquisador Cláudio Marques da Silva Neto em http://lattes.cnpq.br/0192988174928279Os argumentos presentes neste post são de responsabilidade dos autores e não necessariamente expressam as opiniões da Fundação Carlos Chagas.

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