Atuação docente em múltiplas escolas no Brasil é tema de pesquisa feita pela Fundação Carlos Chagas
Aproximadamente 450 mil professores trabalham em duas ou mais escolas no país, condição que traz prejuízos à saúde docente e à qualidade do ensino e da aprendizagem
Trabalhar em mais de uma escola é uma realidade cotidiana de muitos educadores e muitas educadoras no Brasil, situação muitas vezes normalizada pela categoria docente, pela sociedade civil e pelas esferas governamentais. O acúmulo de trabalho em mais de uma unidade escolar preocupa porque o estresse relacionado ao deslocamento, ao gerenciamento do tempo e à extensão das jornadas podem causar prejuízos à saúde docente, às atividades de desenvolvimento profissional e até à própria qualidade do ensino e da aprendizagem dos estudantes.
A pesquisa Atuação docente em múltiplas escolas no Brasil, realizada pela Fundação Carlos Chagas, em parceria com a Universidade de Stanford e o D³e (Dados para um Debate Democrático na Educação), parte de dados do Censo Escolar 2023 para traçar um perfil dos professores brasileiros que trabalham em mais de uma unidade escolar.
No senso comum, a baixa remuneração é o principal motivo apontado para que os professores tenham de atuar em mais uma instituição de ensino. De fato, a remuneração é relevante, mas outros aspectos também precisam ser considerados ao se analisar o fenômeno do trabalho em múltiplas escolas.
"É preciso compreender como a questão salarial interage com outros aspectos, como a jornada de trabalho, as matrizes curriculares e os processos de atribuição de aulas para que consigamos propor soluções integradas que deem conta de favorecer a atuação docente em uma única escola no Brasil", explica Gabriela Moriconi, pesquisadora do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas (DPE/FCC) e coordenadora do estudo.
O levantamento exclusivo traz um panorama da relação entre a atuação docente em múltiplas escolas e esses outros aspectos, como tipo de rede, etapa de ensino, componente curricular, tipo de contrato de trabalho, localização das escolas e características dos professores, além de reunir dados específicos por estados e municípios.
A pesquisa tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Instituto Península, Instituto Sonho Grande e Movimento Profissão Docente.
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