Revista - Trabajo:
Revista de La Oit
Nº 6, Dezembro de 1993
Fotógrafo: Jaccques Maillard
(com efeito aplicado sobre a foto)
A evolução da distribuição de renda de todos os brasileiros revela uma tendência de diminuição paulatina do contingente de trabalhadores com menores ganhos, entre 1976 e 1998. Assim, se em 1976 56% dos homens e 68% das mulheres ganhavam até 2 salários-mínimos (SM), chega-se a 1998 com 39% deles e 47% delas nesse mesmo patamar . O ano de 2002, contudo, apresentou uma inflexão nessa tendência: a proporção dos que ganhavam até 2 SM volta a subir, chegando a 51% entre os homens e 58% entre as mulheres, refletindo a queda dos rendimentos advindos do trabalho na população brasileira ocupada. Essa tendência se acentua em 2007, quando 56% dos trabalhadores e 63% das trabalhadoras ganhavam até 2 SM (TABELA 1).
A desigualdade dos rendimentos femininos frente aos masculinos é um traço persistente , seja qual for o ângulo sob o qual se analise a questão. Senão vejamos:
- As mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econômica em que trabalhem. No ramo da educação, saúde e serviços pessoais,_ espaço de trabalho tradicionalmente feminizado, em 2007, por exemplo, encontraremos ¼ dos trabalhadores e 11% das trabalhadoras ganhando mais de 5 Salários mínimos. Comparativamente a 2002, constata-se que diminuiu o número de trabalhadores de ambos os sexos com ganhos naquela faixa de remuneração ( ganhavam mais de 5 SM 30% deles e 15% delas), corroborando a persistência da queda nos rendimentos do trabalho nos últimos cinco anos da série (TABELAS 2 ;3);
- No que tange à posição na ocupação, elas sempre ganham menos do que eles seja como empregadas, autônomas, empregadoras ou trabalhadoras domésticas. Veja-se o que ocorre no campo do trabalho doméstico, onde predominam as trabalhadoras: em 2002, 94% delas mas 84% dos trabalhadores domésticos do sexo masculino ganhavam até 2 SM; em 2007 a tendência se acentua, pois 96% delas e 89% deles classificavam-se na mesma faixa de rendimentos;
Livro - Women & Work: Photographs and Personal Writings
Maureen R. Michelson & Michael R. Dressler
NewSage Press
- Da mesma forma, são menores os patamares de rendimento feminino, independentemente da jornada semanal de trabalho. Em 2002, entre aqueles que trabalhavam em período integral ( de 40 a 44 horas semanais) por exemplo, ganhavam até 2 SM 57% das ocupadas e 51% dos ocupados; na outra ponta, ganhando mais de 5 SM, estavam 16% dos homens e 13% das mulheres. Em 2007, ganhavam até 2 SM 65% das trabalhadoras e 56% dos trabalhadores em período integral, sugerindo mais uma vez que o rendimento do trabalho tem sido cada vez menor para ambos- e especialmente para elas- , mesmo num cenário de recuperação da economia e de expansão do emprego formal e informal, como o verificado nos últimos anos (TABELA 5);
- Quanto mais elevada a escolaridade , maiores as chances de obter melhores rendimentos. Se isso é verdadeiro para trabalhadores de ambos os sexos, porém, parece se aplicar mais a eles do que a elas. Observando os rendimentos dos que atingiram os mais altos níveis de escolarização,_ 15 anos e mais, i.e.,que cursaram uma faculdade, tem-se que 30% dos homens e apenas 10% das mulheres tinham rendimentos superiores a 10 SM em 2007 ( em 2002, as proporções eram, respectivamente, 42% e 18%);
- Finalmente, tomando a média dos rendimentos mensais (em Salários mínimos) de algumas das carreiras profissionais mais feminizadas no mercado de trabalho, vê-se, em 2007, a repetição do mesmo padrão desfavorável às mulheres, com raras exceções( TABELA 7):
- Os recepcionistas ganhavam, em média, 1,85 SM e as recepcionistas, 1,59 SM por mês;
- Entre os secretários executivos e bilíngües , os homens ganhavam 5,79 e as mulheres 3,71 SM;
- As agentes comunitárias de saúde e afins ganhavam 1,54 SM por mês, em média e os agentes, 2,06 SM;
- As assistentes sociais e os economistas domésticos recebiam 5,71 SM enquanto os homens nas mesmas funções recebiam 5,14 SM.